AS GRANDES NOVELAS E MINHA INFÂNCIA

Eu tinha uns dez anos de idade quando assisti pela primeira vez um programa infantil em uma TV colorida. Foi na casa de amigos de meus pais, pois nossa família pode adquirir uma somente algum tempo depois. Ela era muito cara, quase que um sonho inalcançável.

Lembro quando papai trouxe a nossa primeira TV colorida para casa. Eu ficava assistindo os programas infantis tardes sem fim, absolutamente feliz e realizada, podendo dar asas à minha intensa imaginação infantil com todas as cores do arco íris.

Mas lembro muito bem também dos programas em preto e branco, principalmente as novelas. E Irmãos Coragem, com suas centenas de capítulos, marcou para sempre minha infância. O ano era 1970 e eu tinha oito anos. E a história destes três irmãos, e tantos outros personagens, prendia a atenção do país inteiro. Um tempo em que se parava tudo para assistir a novela em família. Um tempo em que ainda tínhamos experiências compartilhadas por todos de uma forma nacional e coletiva.

A maior parte do elenco já fez sua transição espiritual, e agora foi a vez de Tarcísio Meira. E tive a estranha sensação de uma era que vai terminando dentro de mim, isto porque no “mundo lá fora” esta realidade já está bem diferente há bastante tempo.

Caro leitor o que posso dizer é que soa muito estranho perceber que ao falarmos sobre momentos históricos que os jovens não conhecem em experiência, me faz pensar no quanto já vivi. E sinto uma saudade que não sei explicar. Não uma saudade da juventude em si, mas de um tempo indefinível em si mesmo. A emoção de saber que a Passagem do Tempo quando bem vivida nos permite uma paz intraduzível em palavras. Os mais velhos estão indo. O mundo se transforma a olhos vistos a cada minuto. E grata eu sou por todo um legado de uma geração que aspirou sonhos de liberdade. Que essa herança espiritual seja a semente dos novos amanhãs, nos dias presentes de hoje. Beijos de luz em todos vocês!

By Monica Cristina Guberman