Quando eu era criança, meu pai lia várias estorinhas infantis e esses eram momentos ansiosamente aguardados por mim. Papai era muito expressivo ao contar as aventuras destes mágicos personagens, mas era na estória dos 3 Porquinhos e o Lobo Mau, que essa estratégia mais intensa acontecia. O sopro de papai imitando o Lobo Mau era de arrepiar! Mas eu adorava! Interessante que as crianças parecem ter um certo conhecimento inato daquilo que é o “certo” e o “errado”, ainda que essas noções tenham que ser refinadas e calibradas pela educação dos pais e sociedade mais ampla.
Eu já sabia de cor o enredo mas sempre para mim era com excitação crescente que escutava o Lobo Mau demolir com seu sopro a casa de palha, em seguida a casa de madeira, e não conseguir por abaixo a casa de tijolos. Para meu senso de adequação já tão presente, era um momento de glória perceber, mais uma vez, o quanto os esforços do terceiro porquinho tinham valido à pena. Eu ficava simplesmente encantada!! E se tornava extremamente natural para mim, saber que somente o que é construído de forma sólida, dedicada, primorosa, responsável e comprometida, tem a possibilidade de permanecer, até que somente a nossa escolha nos diga ‘não quero mais’, e não as forças e intempéries externas que venham a desmontar a nossa construção, seja ela qual for.
E sendo assim, aqui cabe a seguinte pergunta: com que elementos você está construindo sua “casa”? Ela é sólida o suficiente? Ela permanecerá de pé pelo tempo que você assim o desejar? Pense nisso com todo o carinho. Vai fazer sentido com certeza. Beijos carinhosos em todos vocês.
PS: para alívio de meu pai, surgiram os discos de vinil infantis, alguns coloridos inclusive, que contavam essa e muitas outras estórias. Eu podia escutá-las quantas vezes quisesse. Mas de vez em quando a performance de papai continuava a ser muito bem-vinda!
