É tempo de se perdoar

A culpa é o sentimento mais doloroso que pode acompanhar a existência de um indivíduo. Ela pode ser consciente ou inconsciente, e neste último caso, suas consequências se fazem produzir de uma maneira ainda mais profunda, tornando o ser prisioneiro de invisível armadilha que determinará toda a sorte de desequilíbrios e infortúnios futuros.

Por essa razão tenho mencionado ser a culpa o sentimento mais prejudicial que se possa ter, pois através da sensação de que não se teve outra alternativa, o ato praticado por vezes longe dos olhos da humanidade, frequentemente levará o indivíduo a um processo de expiação infindável e bastante penoso.

Um mecanismo bastante ‘bizarro’ a meu ver é acionado quando um ato reprovável para a consciência é praticado. Vamos por etapas. Por razões diversas, o indivíduo se vê diante de uma situação em que acredita ter uma ou nenhuma alternativa. Escolhas são feitas, ações realizadas, comportamentos estruturados, e que naquele exato segundo soam como a única possibilidade. Mas a cobrança interna mais cedo ou mais tarde vem, e o indivíduo se vê priosioneiro diante do irreversível. ‘Ah se eu tivesse feito diferente’, ele pensa.

E de uma maneira absurdamente dolorida, vai passar o resto de sua existência tentando, quânticamente falando, ‘voltar atrás um segundo antes’. E de tanto que isso se repete em sua mente, aquilo que vou chamar de ‘antimateria mental e emocional’, é produzida, sendo a matéria prima que irá, invariavelmente, destruir sonhos e projetos, numa espécie de ‘aborto emocional’. E tal situação se repete, e se repete, até que o indivíduo possa se perdoar e entender que fez o que melhor podia. Mas isso vai demandar um tempo de cura de alma para que se possa chegar ao ponto de compreender que se o melhor não foi realizado, foi feito o que era possível. E em algum ponto dessa trajetória tão humana, o auto perdão poderá ser obtido, através de complexo e delicado processo que pode levar algum tempo, mas que sempre chega para aqueles que se determinaram a evoluir, pois seguir adiante é preciso!