Quando criança eu ganhava uma mesadinha de meu avô e de meu pai. Algumas moedas e notinhas que fui juntando pacientemente por muito tempo, com o intuito de comprar um lindo carrinho de bonecas, absolutamente incrível para meus olhos infantis, e que ficava numa loja de brinquedos em meu bairro.
Lembro de passar na frente da vitrine com meus pais, e ficar olhando para o objeto mais precioso de meus desejos infantis. Eu adorava brincar de bonecas e casinha, e tinha uma amiguinha cuja família tinha mais posses que meus pais, e que tinha este carrinho. Como eu a “invejava”!
Quando julguei que tinha a quantia suficiente, pedi a meu pai que me levasse na loja. Lá chegando, para minha enorme frustração, vi que o preço tinha aumentado. Meu pai virou-se para mim, com muita tristeza, mas de uma maneira amorosamente firme e disse: “minha filha, infelizmente eu não tenho a diferença para comprar”. Era uma diferença muito grande. E fomos embora para casa.
Esta uma passagem de minha vida que marcou muito minha existência. Compreendi desde cedo que muitas vezes não vamos ter tudo o que queremos. E é isso mesmo. Essa a Vida.
De uma maneira muito “madura para a minha idade”, compreendia a luta de meus pais. E em meu coração não ficaram ressentimentos ou cobranças, mas a certeza intuitiva de que precisaria me fortalecer para lutas que viriam. É o que eu diria para essa ‘Monica menina’, se pudesse voltar no passado e encontrá-la. Acho que de alguma forma em minha vida adulta, em algum momento eu fiz isso.
Por incrível que pareça lembro com carinho deste episódio e sei que ali minha força interna se estruturou ainda mais. Felizmente. E segui em frente determinada a vencer, fosse por teimosia ou por convicção, desafios que surgiriam.
E você? Tem algum episódio de sua infância que te marcou? Sinta-se a vontade para compartilhar. Beijos em todos com muito carinho 

Monica Cristina Guberman
Psicóloga Clínica
Saúde Mental da Mulher
Saúde Mental no Trabalho
Orientação de Pais
CRP 06-84011