Raiva, Violência e Agressividade: você sabe qual a diferença?

Embora tenhamos evoluído tecnologicamente de forma surpreendente, estamos ainda muito longe de conseguirmos lidar adequadamente com nossas emoções. Ainda que elas naturalmente façam parte de nosso repertório humano, muitas vezes não conseguimos alcançar o sucesso desejado em seu controle e adequação.

Desde pequenos ouvimos de nossos pais mensagens por vezes bastante contraditórias em relação a nossos sentimentos. Hora devemos agir de acordo com o nosso coração, hora devemos ter cautela quanto à livre fluidez de nossa emocionalidade. Estamos diante de um grande paradoxo: quando as emoções podem ser perigosas e quando elas podem ser úteis? Quando não conseguimos ter esse discernimento, facilmente elas podem se tornar muito confusas e nos trazer problemas os mais variados. Dor e medo podem se expressar como raiva, a sensação de perda e abandono como frieza, a raiva como medo e por aí vai. Uma confusão dos diabos e que na melhor das hipóteses será preciso muita terapia para dar conta!

Vamos então às diferenças. Sentir raiva é natural, é humano e é aceitável a partir do momento que todos os sentimentos e emoções são perfeitamente válidos de existirem enquanto parte natural da vida. A raiva surge como um sinal de alerta de que fomos transgredidos, invadidos, desrespeitados ou sofremos abusos de alguma natureza. Ela nos indica a necessidade de nos protegermos física, emocional e espiritualmente e não só temos este direito, mas é nosso dever!

Já a agressividade no início da socialização infantil é considerada normal (até certo ponto), como parte do desenvolvimento da criança e de suas condutas perante o mundo, quando este começa a impor limites à realização de seus livres desejos. Choros, birras, tapas e mordidas vão tentar mostrar aos pais o quanto ela se sente frustrada por seus anseios não satisfeitos imediatamente. Nestes momentos indicar com clareza os limites do que é aceitável e do que não é aceitável se faz imperioso. É importante também que os pais demonstrem com assertividade a forma como eles mesmo lidam com suas frustrações, idealmente falando, da forma mais positiva possível enquanto modelos nos quais seus filhos possam se inspirar. Mas isso exige, tempo, disponibilidade interna e uma imensa capacidade de não tomar como “pessoal”, a agressividade de seus pequenos. Para que possamos nos tornar adultos que saibamos lidar com nossa raiva e agressividade, é importante termos uma base sólida na infância neste sentido.

Já a violência implica numa perda absoluta de controle sobre as emoções, escalando o comportamento do indivíduo para algo bastante sério e de consequências imprevisíveis. Uma coisa é sentir raiva e até aliviá-la através de certos comportamentos agressivos aceitáveis, como nas lutas marciais por exemplo, outra coisa é a violência que pode ser física, verbal ou emocional, e que traz invariavelmente danos bastante sérios, e que demandarão cuidados muito maiores, por vezes até mesmo com apoio judicial.

Em meus atendimentos me vejo frequentemente dizendo a meus clientes que ter raiva é normal, mas o que fundamentalmente faz toda a diferença é como vamos lidar com ela, e o quanto a manifestação de uma ‘pseudo-serenidade’ não resolve o problema. Há que se encontrar canais adequados de expressão deste sentimento. E sendo assim, como frequentemente menciono em meus textos,  a única saída a meu ver para que possamos adequadamente canalizar nossa raiva, evitando explosões de agressividade e o uso da violência, é a busca pelo autoconhecimento, pela expressão de nossas verdades mais profundas da forma mais luminosa possível. Permita-se neste sentido, você verá o quanto valerá a pena!